ISO 26000: Profissionalismo e Nova ética corporativa para Entidades Assistenciais.
Helio Abreu Filho
Advogado, Administrador, Sanitarista e Mestre em Adm. Pública.
Este texto visa evidenciar as oportunidades e os desafios da ISO 26000 para as entidades assistenciais, a qual estabelece diretrizes para normatização da função social das empresas.
A ISO 26.000 (2007) oportuniza às empresas injetarem abundantes recursos financeiros nas entidades assistenciais, numa proporção que nunca ocorreu antes. Seu objetivo é contribuir para o desenvolvimento sustentável global, incentivando empresas e outros para a prática de responsabilidade social para melhorar seus impactos sobre os seus trabalhadores, seus ambientes e suas comunidades.
Para Alkindar de Oliveira¹ o assunto responsabilidade social tem sido até há pouco apenas um apêndice da área de Recursos Humanos das empresas, mas atualmente as empresas, de médio e grande porte, estão criando Departamentos e/ou Diretorias de Responsabilidade Social.
Sugere o autor que as entidades assistenciais poderão sair da condição de pedintes para a de ofertantes, já que o assunto “responsabilidade social” passa a merecer, nas empresas, estruturação e ORÇAMENTO! E, na sua reflexão o autor sugere alguns motivos para empresas destacarem estes recursos, dentre os quais citamos:
- a) Para ser portadora do SELO DE RESPONSABILIDADE SOCIAL, a empresa terá que realizar ou atender obras no campo social;
- c) As empresas não são especializadas em atuarem em projetos sociais, segmento este que conta principalmente com a ação efetiva das instituições assistenciais religiosas;
- d) Para não saírem do seu foco produtivo as empresas precisarão utilizar-se (e confiar) das estruturas das instituições assistenciais.
Fica claro que neste novo momento empresarial as entidades assistenciais terão que se qualificar para apresentarem projetos consistentes, bem elaborados e de fácil fiscalização da correta utilização dos recursos financeiros injetados. O foco destes projeto devem, necessariamente, conciliar os interesses da empresa e o da entidade proponente, daí, a importância da capacitação ou assessoria.
Nasce assim o profissionalismo dentro das organizações sociais. E não será só para elaboração dos projetos, mas também para a gestão. A complexidade dos projetos deve ser mensurada porque exigirá permanência e continuidade dos que o estarão elaborando. E aqui o mais óbvia dificuldade: – os voluntários que elaboram projetos dedicam geralmente apenas parte de seu tempo a entidade. Então, como investir em funcionários altamente gabaritados se a entidade possui dificuldades para gerir e manter sua rotina de benemerência do dia-a-dia?
A alternativa mais acertada será o ‘pool de gestão’, com a cotização dos recursos para fins da contratação destes profissionais. Vamos ter que aprender a exercer a solidariedade empreendedora e a praticar uma ética diferenciada, que una o mundo corporativo e as entidades assistenciais. E a partir de então, até mesmo a compra de fraldas passa a ser de interesse coletivo.